Microrganismos no Permafrost

31/08/2023

Microrganismos presos no Permafrost “ressuscitam” 46000 anos depois

Um estudo recente publicado na revista PLoS Computational Biology, avaliou com recurso a ferramentas informáticas, os riscos que representam os microrganismos presos no permafrost, mas que poderão ser libertados, mantendo-se a actual tendência de aquecimento climático. Simulações computacionais estabeleceram ser provável que muitos microrganismos antigos consigam sobreviver e crescer no mundo moderno; nos modelos usados, cerca de 3% destas espécies tornaram-se o microrganismo dominante no seu ambiente, mesmo que esses invasores tenham, na maioria dos casos, tido efeitos insignificantes na composição da comunidade invadida;

Contudo, em poucos mas imprevisíveis casos (1,1%), os invasores precipitaram perdas substanciais (até -32%) ou ganhos (até +12%) na riqueza total de espécies de vida livre em comparação com os controlos. Considerando a enorme abundância de microrganismos antigos regularmente libertados nas comunidades modernas, uma probabilidade tão baixa de surtos ainda representa riscos substanciais.

Os resultados obtidos sugerem assim que ameaças imprevisíveis até agora, do domínio da ficção científica e do hipotético, podem, em caso de degelo do permafrost, ser poderosos impulsionadores de uma mudança ecológica.

Noutro artigo, publicado na PLoS Genetics, os autores “ressuscitaram” nemátodos encontrados 40 metros abaixo da superfície do permafrost siberiano em 2018. Os referidos organismos são capazes de entrar num estado latente, chamado criptobiose, permitindo-lhes sobreviver em condições ambientais adversas. A datação por radiocarbono permitiu concluir que esses exemplares estiveram em criptobiose durante cerca de 46 mil anos, ou seja, desde o final do Pleistoceno.

Os investigadores sequenciaram o genoma de um espécimen, até a data desconhecido, e determinaram que pertencia a uma espécie ainda não descrita, que chamaram Panagrolaimus kolymaensis. Descobriram ainda que os processos biológicos nesse nemátodo que lhes permitiram sobreviver ao congelamento e à desidratação eram muito similares àqueles usados por um nemátodo moderno frequentemente usado em laboratório, chamado Caenorhabditis elegans.

Dois artigos de grande interesse cuja leitura recomendamos.